Por há uns tempos a esta parte me ter mostrado algo preocupado com a minha saúde visual, a falta de nitidez na visão distante levou-me a realizar, finalmente, um exame à vista e comprovar as suspeitas: necessidade de usar óculos! Como é meu apanágio, pitosga ou não, não perdi a oportunidade de aparvalhar no decurso dos, expectáveis, 30 minutos de exame.
Sentado na cadeira por de trás do aparelho de teste visual, eis-me concentrado num ecrã ao longe que teimava em manter-se escuro. Não ouvindo nem vendo nada nem ninguém desde que ali me sentei, além do dito ecrã... embora soubesse que não me encontrava sozinho na sala... dou por mim a perguntar em voz alta: "Está aí alguém, certo?!"
Apesar do notório tom de brincadeira incutido na pergunta e das dificuldades em manter-me sério após e durante a mesma, a Técnica que me observara lá me "acalmou" respondendo, seriamente, que apenas aguardava que o ecrã ligasse para, assim, começar o exame! Perante esta reacção, senti-me na obrigação de lhe dizer para não ligar porque "não perco uma oportunidade para me armar em parvo", obtendo com isso um tímido sorriso da sua parte!
Serenados os ânimos, julgava a Senhora, foi-me perguntado se tinha na família alguém que usasse óculos e, em caso afirmativo, que dissesse que tipo de deficiência tinha. Respondi que, efectivamente, os meus pais os usavam mas que desconhecia em concreto a causa por que o faziam, justificando-me dizendo que era normal não saber tais informações visto que "apenas conheci os meus pais hà uma semana!" Apesar da resposta, temo que não tenha acreditado e se tenha apercebido que, na verdade, sou apenas um filho desleixado que nem sabe das patologias dos papás!
No final do exame senti a necessidade de pedir desculpa à Técnica que o conduziu, não pelo meu comportamento [como devia], mas por ter errado numa ou noutra letra ao longo do teste... prometendo-lhe, contudo, que numa próxima oportunidade me aplicaria mais, pois estudaria primeiramente em casa "... de maneira a saber as sequências de letras na ponta da língua, de trás para a frente e da frente para trás!"!
Depois destas minhas peripécias, embora a Senhora não o tivesse exteriorizado, creio que terá pensado que não era bem de um par de óculos que eu mais precisava, enfim...